Hanson

Ela olhou para os próprios pés, pensativa, e logo ergueu os olhos para encará-lo novamente, em silêncio.
- ...por favor? – ele pediu, inseguro.
- Bem... tá legal. Acho que posso te dar outra chance – ela falou, séria, mas isso deixou-o bastante aliviado. – Agora vamos sair daqui, Taylor. Não quero saber desse bosque – ela suspirou. – Não me interessa. De verdade.
Os dois saíram do bosque em silêncio, mas esse silêncio já pesava bem menos e logo os dois já estavam conversando normalmente, estimulada por Katarina, que começou puxando assunto. "Ela é realmente boa nessa coisa de dar uma segunda chance", ele pensou. Taylor era sempre tão solto com mulheres, mas sentia-se estranhamente constrangido depois do que fizera com Bianca, ainda que ela mesma parecesse já ter esquecido o assunto.
Pelo resto do dia os dois andaram pela escola, e Katarina conheceu não só o prédio como também os professores e alguns amigos de Taylor – muitos, na verdade, pois ele era cheio de amigos, mas ela mal se lembrava dos nomes de dois ou três. Todos lhe pareceram muito superficiais, assim como Taylor, no começo. Mas conforme as horas iam passando ela ia percebendo que ele não era tão fútil como imaginara, já que conseguia manter uma conversa interessante com ele o tempo todo. Descobriram alguns gostos em comum, como a música e o cinema, e se despediram no meio da tarde sem ressentimentos.
- Obrigada, Taylor. Foi um dia bem interessante – ela sorriu, sincera.
- Foi mesmo. E pode me chamar de Tay – ele retribuiu o sorriso. – E... me desculpe por aquilo, hoje de manhã.
- Esqueça. Foi só uma bobagem, eu espero. Ah, e me chame de Ina – ela completou, e foi embora.
Nos dias seguintes os dois continuaram se encontrando nos horários livres entre as aulas, e Taylor até deixava seus amigos de lado para falar com Katarina, pois tinha percebido que ela não fazia questão de se aproximar de alguns deles. A amizade dos dois ia muito bem, sem que nenhum outro contratempo como aquele do primeiro dia tivesse acontecido. Mas apesar da afinidade, os momentos de conversa restringiam-se ao horário em que estavam dentro da escola. Até que, depois de quase um mês, Katarina se surpreende quando o telefone toca, ela atende e ouve a voz de Taylor do outro lado da linha.
- Ina?
- Tay, é você? – "Como conseguiu meu telefone?", ela pensou.
- Vi que hoje começa um festival de cinema europeu aqui na cidade. Quer ir? Tem alguns filmes muito bons passando hoje.
- Tá legal – ela concordou no ato. O festival parecia interessante. – A que horas vai ser? Onde eu te encontro?
- Eu passo aí daqui meia hora, ok?
- Ok... – ela concordou, e os dois desligaram o telefone.
"Passar aqui?", ela pensou, franzindo as sobrancelhas. "Por que isso agora?"
O telefone tocou novamente.
- Alô?
- Esqueci de uma perguntinha básica – ela ouviu ele dizer. – Onde você mora mesmo?
Ela riu, explicou como chegar em sua casa e desligou, indo trocar de roupa para esperar Taylor. Quando ele chegou ela já o esperava na porta de casa, e os dois entraram no carro. Antes de dar a partida, Taylor perguntou:
- Ina, você gostaria... veja bem, não quero assustar você de novo, afinal já tive minha segunda chance – ele falava, um pouco atrapalhado – mas você quer sair comigo, ahn... quer dizer, como um encontro?
Katarina olhou para Taylor por um momento antes de responder.
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