Hanson

- Vamos lá, preciso mesmo sair, aproveito a viagem – ele insistiu, pacientemente.
- Tudo bem, então – ela finalmente aceitou, sorrindo mais do que tinha planejado para aquele momento. – Minha casa não fica longe daqui, não vai atrapalhar muito você.
- Não atrapalharia nem que fosse do outro lado da cidade – ele disparou, fazendo-a corar.
Os dois entraram no carro e ficaram alguns momentos em silêncio.
- Espero que o colégio não tenha assustado você – ele falou. – Quer dizer, o pessoal de lá. Você parece ser diferente deles.
- Eu, ah... é, não era bem o que eu esperava, mas eu vou me acostumar.
- Eu estudei lá – ele explicou – e não gostava muito. Eu não era bom nos esportes e quem não é bom nos esportes acaba virando alvo de piadas.
- Adolescentes podem ser cruéis – ela sorriu. – Acho que então vou acabar ficando de lado também. Gosto de ler – ela falou, conformada.
Isaac dirigia bem devagar pelas ruas que Katarina apontava, como se tentasse prolongar aquela curta viagem pelo maior tempo possível. Gostou da companhia da garota desde o começo e queria que seu primeiro contato com ela demorasse mais a acabar.
- É ali, naquela rua – ela disse, cortando a conversa no meio. – A casa com muro amarelo. Ali, onde está aquele cachorro.
Ele aproximou-se e parou o carro junto à calçada, bem na frente da casa. Observou; era uma casa bonita, parecia nova e bem espaçosa. Em sua cabeça, tentou imaginar como era a vida ali, se Katarina tinha irmãos, se seus pais viviam juntos. Mas não perguntou nada; descobriria com o tempo, pensou.
- Obrigada pela carona, Isaac.
- Me chame de Ike.
- ...ok, Ike – ela falou, envergonhada. – Foi legal tocar com vocês, agradeça aos seus irmãos por mim.
Ela já estava pronta para sair do carro, mas quando colocou a mão na maçaneta da porta ele a segurou.
- Espera, Ina.
Ela virou-se.
- O que...
Antes que ela se desse conta do que estava acontecendo, ele aproximou-se e beijou-a, de leve. Afastou o rosto devagar, olhando-a nos olhos, esperando alguma reação. Ela apenas sorriu, envergonhada, e desviou os olhos.
- Vejo você de novo, Ina? – ele quis saber.
- Eu... é claro, Ike – ela sorriu, agora olhando-o nos olhos, e saiu do carro, contente.
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