Hanson

- Pra você talvez seja fácil esquecer – ela falou, irritada e magoada ao mesmo tempo – mas pra mim não é tão simples fingir que a única pessoa que conheci em menos de duas horas na escola onde vou estudar pelos próximos quatro anos tentou me beijar porque... me achou bonita. Ou porque estava de saco cheio desse dia. Ou o que quer que seja.
- Katarina, se você deixar, podemos voltar e continuar, e eu...
- Péssima recepção, Taylor Hanson – ela falou, terminando o assunto, e foi embora.
- Katarina, espera! – ele gritou, mas ela não lhe deu atenção e continuou andando de volta para a escola.
Nos dias seguintes os dois se viram algumas vezes pela escola, mas depois que Taylor tentou aproximar-se mais uma vez e foi ignorado por Katarina, ele conformou-se em somente olhá-la de longe, como se ela fosse só mais uma aluna nova que ele não conhecesse. Taylor era mulherengo, e seu orgulho tinha sido ferido quando ela nem ao menos o desculpou. Isso o deixara um tanto magoado, mas pelas amizades que Katarina fazia ele tinha certeza de que ela nem ao menos se lembrava mais dele, já que até olhares os dois pararam de trocar conforme os dias passavam.
Ele continuava incomodado com a situação e já tinha decidido resolver tudo. Estava reunindo coragem para falar com Katarina, sua meta era conversar com ela até o final daquela semana, mas antes que pudesse executar seus planos começou a notar que ela não andava mais sozinha. Em todo lugar que Taylor a via, ela estava com um garoto que, ele sabia, era calouro também. Sem a menor chance de abordá-la sozinha, começou a pensar no que diria para que ela aceitasse largar o garoto e conversar com ele a sós. Mas antes que tivesse alguma idéia, ele saiu de uma aula e foi à lanchonete, e lá deu de cara com os Katarina beijando o tal garoto.
Foi como se um balde de água fria tivesse sido jogado em Taylor, e nem ele entendeu direito por que se sentiu tão mal. Não queria admitir que fosse ciúme, afinal como poderia ter ciúme de alguém que conheceu por alguns minutos apenas, antes de estragar tudo e passar a ser totalmente ignorado? O jeito era esquecer de vez aquilo e agir como se nada tivesse acontecido, como se aquele primeiro dia de aula não tivesse existido.
E uma semana depois ele tinha se convencido de que era possível fazer isso. Voltou a sair com seus amigos e amigas e distraiu-se bastante com eles, a ponto de não procurar mais Katarina com os olhos por todo lugar que fosse. Até se interessou por uma de suas amigas, ainda que fosse um interesse físico e nada mais, de ambas as partes. Era o suficiente para que ambos se divertissem um pouco.
E foi num dos momentos em que Taylor e a garota foram ao bosque que aconteceu. Ela tinha acabado de voltar para a aula e ele ficara ali, sentado com as costas numa árvore, cochilando. Tinha dormido mal à noite e resolveu matar a aula seguinte para descansar. Mas quando seus olhos se fecharam ele ouviu vozes se aproximando, e elas pararam ali perto. Era possível ouvir tudo e ele percebeu que o casal estava discutindo. E que o casal em questão era Katarina e o garoto com quem Taylor a tinha visto dias atrás.
- Não tem desculpa, eu vi! – o garoto falou, bravo.
- Você não viu nada! Eu não fiz nada! Só estava conversando! Pelo amor de Deus, que absurdo é esse?
- Ele estava dando em cima de você! E você lá, toda oferecida!
- Pela milésima vez, eu não fiz nada! E solte meu braço, está me machucando! – Taylor a ouviu falar, amedrontada.
Ele decidiu que não podia ficar ali sem fazer nada. Quando chegou perto e os dois notaram sua presença, ele viu que Katarina chorava, os braços presos nas mãos do garoto. O sangue ferveu dentro de Taylor, que rapidamente avançou e deu um murro no outro, que largou Katarina imediatamente e, assim como ela, ficou olhando Taylor, atônito.
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