Hanson

- Música?
Katarina fez uma careta assim que Taylor afastou-se o suficiente.
- Como pode fazer isso? – ela desvencilhou-se dele, distanciando-se alguns passos.
- Katarina, o que foi? Eu posso ter entendido errado, mas até onde pude perceber, você retribuiu meu beijo!
- Você... você me pegou de surpresa! – ela falava, irritada. – Como pôde vir me beijar? Isso foi pra me provocar, não é? Por causa do John! Quando eu disse que você estava com ciúmes, eu não quis dizer que queria... isso!
- Ina, você gostou, isso é o que importa!
- Não importa coisa nenhuma! – ela gritou. – Seu cretino!
Katarina saiu da sala pisando duro e bateu a porta, deixando Taylor parado, sem reação. Que ele gostava de mulheres e não era lá muito delicado com elas, isso era fato, mas Katarina era, de longe, a garota mais estranha que ele já tinha conhecido. Entre levar um tapa logo de cara e arrumar uma ficante, Katarina escolheu um meio termo. Deixou muito claro, durante o beijo, que estava gostando, mas depois deu um chilique e saiu correndo. Como ele poderia entender isso?
Ela saiu da sala bravíssima com o atrevimento do garoto, que mal a conhecia. Primeiro, ele tinha uma crise de ciúmes inexplicável, e depois aquilo? Katarina correu pelos corredores até alcançar o pátio interno, de onde os dois tinham vindo. Agora o local já estava quase vazio, e ela parou ali, ao lado da porta, encostada à parede, pensando no que tinha acontecido. Depois de acalmar-se um pouco, tocou os lábios com os dedos. Tinha sido um beijo bom, ela admitiu. Mas não poderia aceitar aquilo, era muita falta de respeito de uma vez só.
- Ah, eu sabia! Você gostou, eu tinha certeza!
Katarina pulou de susto com a voz de Taylor, que chegou de fininho e falou alto, bem ao lado dela.
- Idiota! – ela gritou. – Como se não bastasse, também quer me matar do coração?
- Só quero que você admita que gostou do meu beijo – ele aproximou-se dela, sugestivo.
- Eu não vou admitir nada! Eu não gostei de nada! Agora, por favor...
Ele interrompeu Katarina com outro beijo. Ela tentou evitar, mas só por um rápido momento; logo, retribuiu ao gesto, como da outra vez. Taylor nem ao menos a tocava com as mãos, e ela sabia que isso significava que estava livre para fugir, se quisesse. Mas não fugiu, o que não impediu que ela ficasse ainda mais brava.
- Taylor, nunca mais faça isso – ela rosnou, com o dedo na cara dele. – Não quero mais ver você na minha frente, entendeu?
Ela saiu, ainda mais brava, e dessa vez Taylor a deixou ir com um sorriso malicioso no rosto. "Isso vai ser muito interessante", ele pensou. "Não sei qual é a dela, mas estou gostando".
E nos dias que se seguiram o relacionamento entre os dois continuou assim, bastante perturbado. Cada vez que Taylor chegava perto de Katarina ela o recebia com pedras na mão, mas ele sempre arriscava um beijo que ela acabava correspondendo. Sentia uma atração estranha por ele, mas não queria se envolver, e mesmo assim esses episódios foram ficando cada vez mais frequentes e em locais cada vez mais reservados, como se os dois combinassem encontros "acidentais" onde os amassos ficavam cada vez mais intensos e terminavam com a rebeldia inexplicável da menina. Talvez ela já tivesse se rendido; com certeza absoulta admitira que se sentia atraída por Taylor, ambos sabiam disso sem precisar de palavras, mas ambos também concordavam, silenciosamente, de que daquele jeito era mais gostoso, mais emocionante. Então os dois levaram essa história esquisita por vários meses, até que Katarina arrumou um namorado (bastante convencional, se comparado com Taylor) e eles pararam de se ver e até de se falar, como se nada tivesse acontecido, com um passado indefinido que apenas os dois conheciam e não queriam esclarecer. Afinal, tinha sido bom.
End Of Story